Repórteres comunitárias iniciam formação para documentação audiovisual sobre questões de gênero em territórios indígenas, quilombolas e ribeirinhos
/A Sapopema realizou no dia 21 de dezembro, uma capacitação pioneira voltada para mulheres pescadoras, extrativas, indígenas, quilombolas e ribeirinhas do Tapajós e Baixo Amazonas. O encontro realizado na sede da ONG, em Santarém orientou as participantes no uso de ferramentas audiovisuais para fortalecer as narrativas locais.
O programa integra o projeto "Mulheres do Tapajós: protagonismo na luta em defesa das águas e da floresta" e tem como objetivo principal promover a igualdade de gênero e a preservação cultural e ambiental. A iniciativa faz parte da segunda fase do Projeto Águas e é realizada em parceria com o Movimento dos Pescadores do Baixo Amazonas (MOPEBAM), o Núcleo de Assessoria Jurídica Universitária Popular da UFOPA (Najup Cabano), contando com o apoio do Instituto de Conservação Ambiental - TNC.
O perfil das participantes reflete a diversidade das comunidades envolvidas. Todas se identificam como mulheres cis e são oriundas de localidades como: São José/Arapixuna, Aveiro, São Pedro/Arapixuna, Rosário/Tapajós, Oriximiná, Quilombo Ituqui, Atodi/Arapiuns, São Miguel/Prainha, Vila Brasil/Arapiuns e a aldeia Papagaio/Parauá. Entre os segmentos representados, 40% são pescadoras, 10% atuam na agricultura familiar, 10% são extrativistas, 10% são quilombolas, 20% são indígenas e 10% são ribeirinhas.
Em relação à raça, 70% das participantes se identificam como pardas, 10% como pretas e 20% como indígenas. Quanto à faixa etária, 40% têm entre 40 e 49 anos, 40% têm entre 30 e 39 anos, 10% estão na faixa de 50 a 59 anos e 10% têm entre 19 e 29 anos. Essa pluralidade enriquece o programa, garantindo que diferentes vivências e perspectivas sejam representadas no processo de formação.
Durante a capacitação, foram abordados temas como o uso estratégico das mídias sociais, técnicas de filmagem e edição de vídeos, e criação de conteúdos voltados para os direitos das mulheres. O treinamento também ofereceu orientações práticas para a produção de documentários, entrevistas e campanhas digitais.
Além de desenvolver habilidades técnicas, a capacitação buscou empoderar as mulheres participantes, incentivando-as a documentar e compartilhar suas histórias com qualidade e impacto. "A ideia é proporcionar ferramentas que ampliem a voz dessas mulheres, destacando suas contribuições e lutas no contexto da pesca, agricultura e extrativismo", explicou Samela Bonfim, coordenadora do projeto.
O manual utilizado no treinamento foi um recurso essencial, contendo diretrizes detalhadas sobre produção audiovisual e estratégias de divulgação. Ele incentiva a criatividade e autenticidade na criação de conteúdos, fortalecendo as comunidades ribeirinhas no cenário digital. [Baixe aqui gratuitamente a versão digital].
As participantes já começaram a planejar campanhas para redes sociais e vídeos educativos que reforcem as pautas locais, como a saúde e os direitos das mulheres pescadoras, além da sustentabilidade na pesca. "Este projeto é um marco para a visibilidade das mulheres da floresta e das águas, garantindo que suas histórias sejam contadas sob sua própria perspectiva", destacou Samela Bonfim.
Com essa ação, o projeto pretende não apenas capacitar, mas também criar uma rede de mulheres líderes que influenciem a formulação de políticas públicas mais inclusivas e sustentáveis em seus territórios.
“Como é importante esse momento de a gente estar junto e fazendo essas trocas, acredito que já nesse nesse segundo momento, na pauta sobre a comunicação sobre a mídia, a gente reforçando, a gente vai potencializar muito mais, né, abrir mais portas, fortalecer” - Milena Farias