Manejo do Pirarucu
Sobre o Pirarucu
Pertence à família Arapaimidae e é frequentemente denominado como Arapaima gigas. Entretanto, estudos recentes mostram evidências da validade de mais 4 espécies (A. agassizii, A. mapae, A. arapaima e A. leptosoma).
É o maior peixe de escama de água doce do mundo, podendo chegar até 3 metros de comprimento e pesar 250 kg.
Alcança a maturidade sexual por volta dos três anos de idade, quando atinge aproximadamente 150 cm e 40 kg. Seu comportamento reprodutivo é bastante complexo, com formação de casal, construção de ninho e cuidado parental com a prole.
Realiza migrações laterais ao longo do ano seguindo o pulso de inundação. Mas não desenvolve com frequência longos movimentos migratórios.
Possui respiração aérea obrigatória e necessita vir até a superfície d’água em intervalos de aproximadamente 20 minutos para captar o ar atmosférico.
Pesca do Pirarucu
Os estoques do pirarucu foram reduzidos drasticamente na maior parte da Amazônia no início da década de 1970 pela pesca comercial descontrolada. No Pará, o pirarucu encontra-se extinto ou superexplorado em muitas localidades. O estudo de Castello et al. (2014) desenvolvido em 81 comunidades do Baixo Amazonas Paraense, mostrou que o pirarucu está extinto em 19% das comunidades, ameaçado de extinção em 57% delas e superexplorado em 17%.
Por que Manejar o Pirarucu?
Através do manejo, os estoques de pirarucu vêm sendo recuperados. O manejo participativo e sustentável do pirarucu foi desenvolvido na década de 1990, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – RDS. Os princípios do sistema de manejo do pirarucu envolvem a realização de uma série de procedimentos relacionados à organização comunitária, vigilância dos ambientes aquáticos, estabelecimento de regras de uso dos recursos, realização de levantamento dos estoques, pesca sustentável e comercialização. A pesca manejada do pirarucu é estabelecida por meio de uma cota de captura de 30% a partir do resultado das contagens de pirarucus adultos, preservando os 70% restantes, como forma de assegurar a reprodução para fins de manutenção do seu estoque de forma sustentável.
Benefícios do manejo
Ecológicos: é uma ferramenta de conservação do pirarucu no ecossistema de várzea. Além disso, contribui para a proteção de outras espécies, como é o caso dos quelônios e diversos peixes.
Econômicos: é uma prática de uso sustentável que traz bons resultados para as populações que têm o pescado como principal fonte sobrevivência. Pois o manejo gera maior produtividade pesqueira nos ambientes aquáticos e renda aos pescadores.
Sociais: estimula a organização social, promove capacitações aos pescadores e possibilita o investimento em locais de uso coletivo, o que agrega maior capital social às comunidades.
Manejo no Baixo Amazonas
Na região do Baixo Amazonas práticas de manejo do pirarucu vem sendo realizadas pelas comunidades de Pixuna, Santa Maria, Tapará Miri, Costa do Tapará, Tapará Grande e Ilha de São Miguel, no município de Santarém, e Ilha do Carmo e Urucurituba, no município de Alenquer. Este trabalho é acompanhado e apoiado por diversas instituições públicas e entidades da sociedade civil organizada, tais como a SAPOPEMA, Colônias de Pescadores Z-20, de Santarém, e Z-28, de Alenquer, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA, Secretaria Estadual de Desenvolvimento da Agricultura e Pesca do Pará - SEDAP e Secretarias Municipais de Agricultura e Pesca de Santarém e de Alenquer.
Dificuldades:
No estado do Pará os principais entraves que precisam ser superados são:
1) A inexistência de regulamentação da lei estadual, que permitiria somente a pesca do pirarucu via manejo;
2) A ausência de mecanismos que garantam a sustentabilidade da assistência técnica para o manejo da pesca e;
3) O fato de poucas comunidades e pescadores estarem inseridas nos processos de manejo sustentável.