Monitoramento reprodutivo de quelônios registra mais de 26,5 mil filhotes de tartarugas-da-Amazônia na Ilha do Meio em Curuá, PA

Iniciativa de proteção do tabuleiro da Ilha do Meio é realizada pela equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Curuá com o apoio técnico da SAPOPEMA e IBAMA

Nos limites dos municípios de Curuá e Alenquer, na várzea do rio Amazonas, a Ilha do Meio recebe desovas de tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa) em número significativo. O trabalho em torno da preservação nesta área, inclui atividades de capina de gramíneas, proteção de ninhos e em alguns casos, a transferência de ninhos em locais de risco. Os trabalhos de conservação realizados na Ilha são conduzidos pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SEMA de Curuá, que disponibiliza todo ano, entre os meses de agosto a fevereiro, agentes para realizar no local os trabalhos de fiscalização e manejo de quelônios.

No tabuleiro da Ilha do Meio, foi identificado que o período reprodutivo dos quelônios que utilizam essa área como local de desova, inicia no final do mês de julho com a chegada dos cardumes após a migração de seus locais de alimentação. A partir da agregação dos cardumes em águas denominadas “boiadouros” próximo à ilha, iniciam os trabalhos de fiscalização realizados pela SEMA para evitar as capturas ilegais das tartarugas. Uma equipe de fiscais permanece na ilha durante todo período reprodutivo, que ocorre de julho a fevereiro.

Segundo a bióloga da Sapopema, Poliane Batista, responsável pela assessoria técnica, este último ciclo reprodutivo foi considerado um dos mais eficientes na coleta de dados sobre a produção de filhotes. “Um dos fatores que contribuíram para isso, foi a capacitação dos técnicos da secretaria para realização do monitoramento e também o cercamento da praia com tela, o que possibilitou um registro mais preciso dos nascimentos”, explica.

Através do monitoramento foi registrada a soltura de 26.584 filhotes de tartarugas-da-Amazônia. E a transferência de 800 ovos de tartaruga, 175 de tracajá e 125 de pitiú para uma área mais alta da ilha. A eclosão ocorreu após 30 dias e estima-se que 90% dos ovos eclodiram. “Esse resultado demonstrou que a estratégia de transferência de ninhos foi uma experiência exitosa e, potencialmente, será adotada nos próximos anos para aqueles ninhos com maior risco de alagamento”, esclarece Batista.