Coletores participam de curso em monitoria e manejo de quelônios em Correio do Tapará 

Moradores da comunidade Viravolta do município de Curuá e de Correio do Tapará de Santarém, participaram de formação realizada pela Sapopema e Ibama, com parceria da Colônia de Pescadores Z-20 e apoio da TNC

Garantir a conservação da espécie na região amazônica tem sido o objetivo de populações tradicionais que se dedicam ao manejo comunitário voluntário em áreas com presença de tartarugas e tracajás. No período de 26 a 30 de julho, guardiões de quelônios das comunidades Viravolta do município de Curuá e de Correio do Tapará de Santarém, se reuniram no curso de monitoria e manejo de quelônios aquáticos amazônicos.  

A formação promovida pela Sapopema e “Programa Quelônios da Amazônia-PQA”, implementado pelo Ibama, reuniu dezessete comunitários, contou com a participação de servidores da Sema de Curuá, parceria da Colônia de Pescadores Z-20 e apoio da TNC. 

Coletores praticaram treinamento de retirada de ovos dos ninhos para berçário artificial. Fotos: Poliane Batista.

“As espécies de quelônios são muito consumidas na região e tem seus estoques naturais muito diminuídos em função da destruição de seus habitats, dos processos predatórios e do seu uso descontrolado” - esclareceu a bióloga da Sapopema, Poliane Batista. 

A pesquisa, a proteção e o manejo dos quelônios amazônicos, voltados para a conservação, visam à recuperação das populações das espécies mais representativas da região e o estabelecimento de programas de manejo de longo prazo, que permitam o uso sustentável do recurso natural. Como principais usuários do recurso, as comunidades devem ser envolvidas e capacitadas, permanentemente, para administrar e participar dos processos de gestão dessas espécies.

Com a iniciativa, os idealizadores pretendem fortalecer a estratégia para manutenção da biodiversidade, dialogando com o princípio de proteção à natureza, defendido pela Sapopema. “Para qualificar os participantes para o desenvolvimento futuro de monitoria e manejo dos quelônios aquáticos, foram repassadas informações sobre a biologia e ecologia das espécies de quelônios que ocorrem na região, legislação ambiental pertinente, protocolos de monitoramento do PQA e ainda sobre o componente de manejo de recurso pesqueiro” - acrescenta Batista. 

Uma das novidades deste módulo, foi a inclusão do tópico de manejo de pesca, “uma demanda encaminhada por grupos de comunitários que se dedicam à atividade e que entendemos ser legítima, pois a manutenção dos estoques pesqueiros tem potencial para diminuir a pressão de captura de quelônios na região” - contou o  analista ambiental do Ibama, Raphael Fonseca ao enfatizar a necessidade de incluir a temática da pesca para diminuir a captura de quelônios na região.

Jair Cândido, experiente coletor do Projeto Quelônio nas Águas de Correio do Tapará, ressaltou que participar de capacitações periódicas é fundamental para continuar com a iniciativa que em 2022 completa uma década de conservação: "É muito importante pra nós que somos conservadores no projeto Quelônios nas Águas. A gente está pegando muita experiência com os monitores, para capacitar os nossos colegas. Estamos com mais força e quem vai ganhar é a comunidade e o meio ambiente" - ressalta. 

No município de Curuá, as atenções se voltam para a Ilha do Meio, que se destaca pela presença de quelônios. Conservar a área e manter a vigilância para evitar invasões é fundamental, conta Adriano Bentes, comunitário de Viravolta: "Eu gostei demais de participar desse curso, é muito importante" - comenta. 

Além dos moradores do município, a Secretaria de Meio Ambiente de Curuá, participou do encontro através de servidores e do Secretário municipal, Ednei Picanço: “ É uma importante formação que contribui com nosso município de Curuá que trabalha com o desenvolvimento social, educação ambiental e fiscalização. Como temos a Ilha do Meio, que é um local que as tartarugas buscam, esse trabalho vai contribuir muito” - conta. 

Para que as capacitações sejam eficientes, ferramentas de educação ambiental são necessárias para entender o contexto do público-alvo, complementou Fonseca. “Para isso, a parceria com Colônia de pescadores Z-20 e a Ong Sapopema possibilitou identificar a demanda das comunidades de várzea, onde o pqa tem enorme interesse em apoiar iniciativas de manejo conservacionista, e em médio prazo o manejo sustentável de escala comunitária”. O Programa Quelônios da Amazônia tem avançado na pauta socioambiental graças às capacitações. A estratégia tem aproximado o Ibama e comunidades, visando aumentar o capital social dos envolvidos, principalmente os moradores da região de várzea, tão desassistidos de apoio em suas ações pioneiras de proteção ambiental.