Soltura de Quelônios em Coroca: 1,4 mil Tartarugas devolvidas à natureza

Cerimônia comemorou marco da conservação na comunidade Coroca, localizada no Pae Lago Grande, em Santarém no Pará 

No último sábado (17/02), a comunidade de Coroca, localizada à margem esquerda do Rio Arapiuns, realizou um evento de soltura de quelônios. Mais de 1.400 filhotes de tartarugas foram devolvidos ao seu habitat natural, num esforço contínuo para a conservação da espécie.

A conservação é um componente crucial para a manutenção da biodiversidade e do equilíbrio ecológico. A soltura das tartarugas não é apenas um ato simbólico, mas uma ação concreta que contribui para a sobrevivência da espécie.

O evento de soltura realizado pela Associação dos Produtores Rurais e Criadores de Peixes da Comunidade de Coroca - APRUCIPESC e o Complexo de Turismo de base comunitária reuniu mais de duzentos visitantes, entre turistas e instituições apoiadoras. 

Mesa de abertura do evento

A Sapopema e o IBAMA, que contribuem com assessoria técnica apoiando a iniciativa, participou do momento que fortalece a proposta de conservação.  Luziette da Silva Corrêa, vice-presidente APRUCIPESC, falou sobre o início do projeto em 1998 e a realização de um sonho de 26 anos de trabalho. “As tartarugas vieram filhotinhos pra gente, com apenas aproximadamente dois meses. Então, com 21 anos, elas começaram a reprodução”, disse.

A comunidade que pratica o TBC como fonte de renda, se organiza para manter o espaço bem cuidado com cronogramas diários. Em 2023, enfrentou desafios com a intensificação dos efeitos das alterações do clima. “Essas mudanças climáticas, elas dão um impacto muito grande, não só para a gente que trabalha com o projeto de quelonicultura, mas sim em toda a natureza, para todo ser humano. Então, em 2022 a gente conseguiu 2.970 filhotes. E o ano passado, devido a essa grande temperatura elevada, a gente só conseguiu 1.923 filhotinhos. E teve ninhos que tiveram 100%  de perda”, lamenta. 

Apesar dos desafios, os comunitários seguem otimistas com o futuro do projeto. “Isso só é o começo. Eu espero que isso vai ter muito futuro pela frente. Eu espero que a gente faça muitas e muitas solturas. Ajude bastante a natureza fazendo a nossa parte.”

O turismo de base comunitária é o principal fator para o desenvolvimento do projeto, fornecendo recursos para o monitoramento e complementando a renda dos comunitários. A tecnologia também tem sido uma aliada nesse processo. Com o apoio de Organizações Não Governamentais como a Sapopema, o processo de manejo dos quelônios tem sido fortalecido, contou a bióloga da entidade, Poliane Batista. “Começou com uma doação de filhotes via Ibama e houve um esforço muito grande coletivo da comunidade no trabalho em torno desses animais. E hoje eles estão colhendo os resultados, que evoluíram até mais do que a comunidade imaginava, garantindo tanto componente de renda através do turismo de base comunitária, quanto agora diretamente uma conservação direta para a espécie que é a tartaruga da Amazônia.”

Ela também falou sobre a parceria recente com a comunidade e o curso de capacitação proporcionado em 2023. “Desde então a gente tem acompanhado a comunidade nesse processo. Mas é importante ressaltar que isso, o resultado que tem hoje realmente é do trabalho coletivo que vem sendo desenvolvido aqui há bastante tempo.”

Rafael Fonseca, analista ambiental do IBAMA, comentou sobre a doação dos filhotes, que a princípio tinha como finalidade iniciar uma criação para fins de produção para consumo e venda. “No passar dos anos, os planos aqui começaram a se reproduzir, né? Então teve essa demanda de filhotes vindo para o berçário deles e eles começaram a querer regularizar de fato o empreendimento. Só que com a proposta agora de botar para turismo de base comunitária”.