Duas toneladas movimentam quarta edição da Feira do Pirarucu de Manejo

Evento promovido em Santarém possibilitou aproximação entre consumidores e manejadores de pirarucu do PAE Tapará, movimentando mais de R$ 40 mil

Em pouco mais de três horas de evento, a população esgotou o estoque da Feira do Pirarucu de Manejo do Pará. Duas toneladas fornecidas pelas comunidades Santa Maria e Costa do Tapará foram adquiridas por centenas de consumidores que prestigiaram a edição na Praça Barão de Santarém neste sábado (18/11).  “Nós vendemos todo peixe. 9h40 Costa do Tapará já tinha vendido tudo. Queremos agradecer a toda comunidade de Santarém por ter comprado”, comentou Elso Almeida, pescador de Costa do Tapará.  

A Feira foi um importante momento de aproximação entre os pescadores e consumidores que puderam dialogar e compartilhar experiências sobre a conservação do gigante de águas doces. 

A gente precisa reforçar essas ações. O que se percebe que a natureza está gritando, nossos peixes estão morrendo e nós precisamos valorizar o resgate dessa cultura de preservação ambiental” - Eliane Bernardes, Assistente Social.

Eles têm o cuidado de não deixar acabar com a espécie. Só tiram no período certo e quando trazem, trazem coisa boa. Eles são guardiões” - Angelo de Matos, militar aposentado.

Na região oeste do Pará, para fortalecer essa estratégia de proteção aos estoques pesqueiros, desde 2020 as comunidades manejadoras do PAE Tapará apoiadas pela Sapopema, SEBRAE, SEDAP, SEMAP, Colônia de Pescadores Z-20 e TNC promovem a Feira. 

Nesta edição foram abastecidos 1.800 quilos de manta e 250 kg de miúdo. O lucro das vendas será destinado ao benefício das próprias comunidades. Santa Maria pretende investir na conclusão do seu barracão comunitário que é um espaço estratégico para a comunidade onde acontecem as reuniões comunitárias e eventos sociais. Costa do Tapará investirá na expansão da rede de abastecimento de água para ampliar a novas famílias. 

“Toda a produção foi vendida. O objetivo da feira é gerar renda para as comunidades. Cerca de mais de 40 mil reais movimentados nessa feira vão ajudar significativamente a melhorar a infraestrutura dessas comunidades” - ressaltou Antônio José Bentes da coordenação da Sapopema. 

Para as lideranças das comunidades, o sucesso da feira foi um estímulo ao manejo. Um trabalho árduo, com vigilâncias diárias dos lagos, contagens e conservação. 

“A cada ano que passa está sendo mais sucesso. A gente está fazendo o melhor no manejo, conservando a espécie para ano que vem fazer maior” - Rionaldo Santos, presidente do Conselho Regional do Tapará.

“Com a seca estamos com dificuldades, mas graças a Deus conseguimos vir. Está mais difícil transportar e chegar com o peixe” - Natalina Almeida, Santa Maria.

“É um incentivo a mais pra cada comunidade promover o seu manejo. No próximo ano estaremos aqui de novo”, Raimundo de Jesus, Santa Maria. 

A quarta edição da Feira do Pirarucu de Manejo do Pará já é considerada um evento anual importante para apoiar e fortalecer a estratégia de conservação da espécie. O evento comunitário promovido pelas comunidades do PAE Tapará é fundamental para a comercialização do peixe fresco oriundo de lagos conservados nas comunidades manejadoras. Nesta edição, participam pescadores e pescadoras de Santa Maria do Tapará e Costa do Tapará, num evento que propõe a aproximação entre a sociedade e os manejadores.

“Quando se preserva o pirarucu, se preserva outras espécies. É muito importante esse trabalho na região” - Ednaldo Rocha, Diretor da Colônia de Pescadores Z-20.

Desde a primeira edição, a Secretaria de Abastecimento e Pesca participa ativamente na organização do evento, somando forças entre os organizadores. Para o secretário Bruno Costa, a iniciativa garante um processo de defesa da pesca: “É uma satisfação pra nós sermos parceiros nessa edição. A população compareceu. É muito importante esse trabalho com as comunidades com o intuito de conservar”. 

O Sebrae que desde 2020 atua em parceria com a Sapopema para fortalecer os negócios sustentáveis voltados à pesca, considera que a Feira é um momento necessário para evidenciar o trabalho que esses pescadores vêm realizando ao longo das últimas duas décadas. “O Sebrae vem cada vez mais tentando fortalecer a cadeia produtiva voltada para os negócios sustentáveis que é algo importante para a nossa região” - destacou o gerente regional do Sebrae, Paulo Dirceu Oliveira.

Em busca da legislação do Pirarucu

Apesar da expressividade do manejo, a atividade não possui regulamento que trate da conservação do pirarucu no estado do Pará. Desde 2018, a Sapopema tenta incentivar o Governo a reconhecer por meio de legislação, a atividade, garantindo lei para proteção da espécie no Estado. 

Estabelecer regras específicas para o exercício da pesca, definir instrumentos de controle para o manejo sustentável do pirarucu (Arapaima gigas) e implantar as medidas voltadas ao ordenamento pesqueiro desta espécie no ambiente aquático do Estado do Pará, são funções importantes de uma lei que regulamente a atividade.

A deputada estadual Maria do Carmo, presidente da comissão de pesca, prestigiou o evento e destacou que uma comissão foi formada para identificar a documentação e analisar o motivo pelo qual está parada. A expectativa, segundo a parlamentar, é de que ainda em 2024 essa legislação esteja pronta: “Além de ser uma produção sustentável, esteja regulamentada”.

Fotos: Acervo Sapopema